24.11.04
HOW TO DISMANTLE NA ATOMIC BOMB – U2
Massacrados. Isto é o mínimo que se pode dizer das reações da crítica mundial acerca do novo trabalho do U2, “How To Dismantle na Atomic Bomb”. De fato, nem toda a crí-crítica destruiu o álbum, mas apenas aqueles que esperavam um novo “Boy” ou um novo “Achtung Baby”. Ou ainda, quem sabe, que a banda mirasse suas antenas no chamado novo rock e despejasse um álbum com ecos de “gênios” como Libertines ou Rapture.
Muitos disseram que a banda está apenas despejando mais algumas canções sem criatividade – repetições do que eles mesmos já fizeram no álbum anterior, “All That You Can’t Leave Behind” – ao contrário de trilharem o brilhante caminho do flerte com a eletrônica, como em “Pop” ou “Zooropa”.
A grande maioria dos cri-críticos torceu o nariz para a quantidade de baladas existentes neste álbum. Por que o U2 prefere fazer uma “Sometimes You Can’t Make It On Your Own” – em homenagem ao pai de Bono, morto recentemente – do que aprofundar os conceitos presentes em faixas como “Discotheque” ou “Zooropa” ? Por que cargas d’água eles preferem fazer uma falsa volta às origens, como em “Vertigo” a repetirem o brilhante “Achtung Baby”, que daria muito mais prestígio à banda ?
Se eu fosse Bono, The Edge, Larry Mullen e Adam Clayton, me preocuparia em agradar aos críticos ao invés de compor belas melodias, como “City of Blinding Lights” e “Original of The Species”. Para que isso ? Para agradar aos fãs ? Ah, que nada. O negócio mesmo é colocar ritmos eletrônicos, ser remixado por algum dj alemão oriental e fazer uma turnê em pequenos clubes, com capacidades para 200 pessoas, no máximo.
Finalmente, ouvindo “How To Dismantle An Atomic Bomb” e lendo as cri-críticas despejadas na imprensa mundial, começo a achar que realmente estamos vivendo uma era sem parâmetros. Quando a referência para o rock mundial é o Libertines ( Desculpem cita-los de novo, mas é que eu simplesmente acho o hype em torno deles muito, mas muito mesmo, triste. Exatamente por serem uma banda tão chinfrim. ), eu prefiro desistir e ouvir jazz. E discos novos e antigos do U2 – esta sim, uma banda que sempre tem algo a dizer, ainda que seu último álbum não seja o melhor de sua carreira. Que eles envelheçam dignos e jovens como nesta atual fase.