28.4.05

Vamos combinar: Weezer é foda. Eles não precisam mudar de estilo, fazer coisas diferentes e tentar inventar. Fazendo o mesmo som que fazem há um bom tempo, se dão muito bem. "Make Believe", o novo álbum, é mais do mesmo e é bom pra caralho. Me esperem lá na primeira fileira do Curitiba Pop Festival, quando setembro chegar.

***********

M.I.A. é uma cantora do Sri Lanka. Diplo é um dj americano vidrado em funk carioca. Dá pra imaginar no que deu a junção dos dois? O estupendo "Piracy Funds Terrorism" em que ele pega faixas do disco de estréia dela (o também fodaço "Arular") e ferve o caldeirão. Quer fazer sucesso como dj nas pistas nos dias atuais? É só colocar "Galang" ou "Bucky Done Gone" e quebrar o esqueleto das pessoas.

***********

Velhos e em forma. Eric Clapton lançou o CD/DVD "Sessions for Robert J". Um dos DVDs é acústico, como as originais do mestre Robert Johnson, o outro é com uma banda "daquelas". Os dois juntos são imperdíveis. Outro que lançou um ótimo disco foi Bruce Springsteen. Na linha de trabalhos como "Nebraska" e "The Ghost of Tom Joad", the Boss manda ver na acoustic guitar em "Devils and Dust".

***********

E "Blue Orchid", a nova música do White Stripes, hein?

***********

Rolling Stones em janeiro de graça, na Praia de Copacabana. É verdade sim, você não está sonhando. Vá desde já guardando disposição. Promete ser o evento do milênio.

***********

Da série "Eu adoro os irmãos Gallagher": vocês leram isso aqui? Sobrou pra todo mundo.

8.4.05



EXTRAORDINARY MACHINE – Fiona Apple

Só de ter sido rejeitado pela Sony Music, “Extraordinary Machine”, o novo (e já velho) trabalho de Fiona Apple, pronto desde março de 2003, já sobe alguns pontos no meu conceito. Por se tratar de um belo álbum, sobe mais alguns pontos. E por ter sido pirateado pelos fãs na internet, sobre muitos e muitos pontos no meu conceito, assim como aconteceu com o Wilco há alguns anos.

A história é a mesma de sempre: a artista recebe o dinheiro para produzir seu terceiro trabalho solo, o faz e, quando o apresenta à gravadora com a qual tem um contrato, é recusado sob a infame desculpa : “não possui um hit single”. E voilá, lá está Fiona Apple, uma das mais criativas, ferozes e completas cantoras/compositoras dos últimos tempos, jogada às traças. Em outras eras, isto seria o fim. A gravadora mandaria a artista refazer o álbum ou simplesmente começar do zero, clamando por um single para tocar nas rádios (eu poderia fazer muitos parênteses aqui, dizendo que a era dos “men-in-suits-deciding-what-is-best-for-us” acabou ou que as rádios hoje já não importam tanto quanto nas décadas passadas, mas vou deixar isso pra outra hora). Felizmente, vivemos na era onde tudo é pirateado, jogado na internet semanas antes de seus lançamentos oficiais e, em alguns casos como o de Fiona Apple, antes de qualquer previsão de lançamento. Se é que ela vai existir.

Ouvindo “Extraordinary Machine” dá até pra imaginar o porquê do desespero dos executivos da Sony. Realmente o álbum não possui um hit single. Talvez “Please Please Please” seja a que mais se aproxima deste conceito – seja lá o que isso signifique hoje. O que importa é que o álbum é um belo desfile de canções na qual a verve poética feroz de Fiona encontra respaldo num instrumental que poderia facilmente ser definido como “art pop”, se esse termo não significasse tantas coisas nos dias de hoje. Da faixa de abertura, “Not About Love” ao encerramento, o que vemos (e ouvimos) é uma artista preocupada em expandir os limites das canções, enchendo-as de instrumentações, dedilhados criativos ao piano e uma emoção imprimida em sua voz digna das grandes cantoras de blues. As comparações com Tori Amos ou mesmo Beth Gibbons não são em vão. Todas elas souberam criar estilos e seguir adiante com eles. Fiona Apple não só criou seu estilo como fez com que ele fosse imitado, pasteurizado e ridizularizado na música de hoje. Perto dela, nomes como Alanis Morrissete ou a angry-kid Avril Lavigne soam como piadas.

Assim como seus dois predecessores ( “Tidal” e “When The Pawn...”), “Extraordinary Machine” não é um disco fácil, mas se mostra maduro na medida em que cresce a cada audição e conquista os ouvidos. Ponto para uma artista que não teve medo de arriscar, apesar de saber que poderia não agradar (segundo ela mesma disse, numa recente entrevista). Se este trabalho vai ser um dia disponibilizado nas lojas para consumidores que ainda não se acostumaram com a nova ordem da música no mundo, é um mistério. Para aqueles que já transitam neste meio há algum tempo, mãos à obra. Vale a pena reservar algum espaço em seu HD para ele.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?