28.3.05

SMALLBITS OF NOTHING

"9 Songs". Vi recentemente este filme e até agora não entendi nada. Sabe aquela máxima "sexo, drogas e rock and roll"? O filme é isso. E só! Muito sexo explícito parecendo filme pornô, algum consumo de drogas e rock and roll de primeira qualidade, com cenas de shows de Black Rebel Motorcycle Club, Franz Ferdinand, Primal Scream, Von Bondies e outros intercaladas à putaria. Sem uma trama para amarrar. Ou talvez tenha, sei lá, se é que pode se chamar aquilo de trama.

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Novos de Garbage (Bleed Like Me), Stereophonics (Language Sex Violence Other), Beck (Guero), Moby (Hotel) e Kaiser Chiefs (Employment) no meu mp3 player. Stereophonics sempre fez bons discos e este não foge à regra. Garbage parece meio chocho, mas preciso ouvir mais algumas vezes. Moby mudou muito seu estilo. Precisamos de tempo para saber se a mudança foi positiva. Beck continua muito bom. Este novo trabalho lembra o clássico "Odelay". Kaiser Chiefs é uma grata surpresa. Boa banda com um bom disco.

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Aliás, cada vez mais os discos não me impressionam à primeira vista. Assim como preciso ouvir mais o Garbage, só gostei dos novos New Order e Queens of The Stone Age depois de algumas audições.

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Boa surpresa mesmo nestes dias é a banda Hella. Favor não confundir com os Hellacopters. Trata-se de uma dupla (formação bastante em voga nos últimos tempos. Depois de White Stripes e, mais recente, o Death From Above 1979) californiana que começou a tocar junta em 2001. Já têm 4 trabalhos no currículo e este ano lançaram o duplo "Church Gone Wild/Chrpin Hard", que está sendo considerado uma espécie de "Speakerboxx/Love Below" dos sons pesados. O som é uma zoeira infernal, misturando elementos de metal com indie rock experimental e elementos eletrônicos. Ficou difícil? Vale a pena procurar.

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Placebo no Brasil. Pra quem não entendeu porque eles vão fazer 8 datas e nenhuma delas é em Belo Horizonte, eu explico. A vinda da banda está sendo bancada pela Claro. Portanto, como em BH não tem Claro...

Ah sim, não irei. Placebo nunca fui de minhas bandas prediletas. Na verdade, existem duas no universo indie que todos amam e eu não vejo a menor graça: Placebo e Suede. Eduardo Palandi que não me ouça.

4.3.05



I AM TRYING TO BREAK YOUR HEART - a film about Wilco by Sam Jones

“A minha liberdade termina onde a sua começa”. Pode não ter sido consciente, mas “I Am Trying To Break Your Heart” - o documentário que retrata o ano mais difícil da carreira da banda norte americana Wilco – acaba tendo esta máxima como base, já que em sua hora e meia de duração, o que vemos é uma série de encontros e desencontros permeados pela liberdade de uns em conflito com a de outros.

O ponto de partida para o filme são as gravações daquele que é considerado o melhor álbum da banda, “Yankee Hotel Foxtrot”, em 2001. Nele, a verve poética do “trovador” Jeff Tweedy se choca defintivamente com a musicalidade sem limites do multi-instrumentista Jay Bennett para mudar de maneira definitiva a carreira dos dois, os rumos da banda e, porque não, da indústria musical.

A história deste álbum todos já sabem, mas não custa relembrá-la. Gozando de uma liberdade ímpar na indústria musical, o Wilco se trancou em seu loft na cidade de Chicago para parir aquele que parecia ser sua obra-prima. Pelo menos é o que imaginavam os músicos, empresários e executivos do selo Warner/Reprise, que financiaram o disco. Acontece que no dia seguinte ao da entrega do trabalho à gravadora, a banda foi dispensada do cast da Reprise por se recusar a fazer mudanças no álbum (nem no documentário, se explicita quais seriam estas “mudanças”). Com as matrizes do álbum embaixo de seus braços e acreditando em seu trabalho como nunca, a banda assinou meses depois com a Nonesuch. Ironicamente, uma também subsidiária da Warner. Neste meio tempo, partiram para uma pequena turnê nos Estados Unidos com uma modificação: Jay Bennett já não estava na banda.

Desde as gravações do disco, Bennett e Tweedy já não estavam se entendendo muito bem. A coisa chegou a um ponto onde Tweedy chamou Bennett para uma conversa, dizendo que “achava que não poderia mais fazer música com ele”. Bennett juntou suas trouxas e partiu deixando um buraco e tanto no som da banda. Há os que digam que Bennett era a verdadeira alma musical do Wilco e o álbum que sucedeu Yankee Hotel Foxtrot, “A Ghost Is Born” mostra isso nitidamente. A verdade é que a saída de Bennett, apesar de parecer tranqüila no filme, não foi bem assim, como dá pra perceber nas entrelinhas do filme.

“I Am Trying To Break Your Heart” lida com todos estes traumas de uma maneira crua e verdadeira, além de arrumar tempo para mostrar os problemas de Tweedy com analgésicos (em uma cena, ele aparece vomitando num banheiro), que o levou a se internar no ano passado para uma desintoxicação; além de fazer uma oportuna discussão sobre o papel da indústria fonográfica. Para isso, as opiniões dos artistas, do empresário, do executivo das duas gravadoras (Reprise e Nonesuch) e até de um dos editores da Rolling Stone, David Fricke. O resultado é uma reflexão sobre para onde esta indústria está caminhando e porque uma obra-prima – como diria meses mais tarde a própria Rolling Stone, apesar de David Fricke dizer no filme que se fosse executivo de uma gravadora, rejeitaria o álbum – como “Yankee Hotel Foxtrot” teve este destino.

“I Am Trying To Break Your Heart” ainda traz algumas performances ao vivo do Wilco, que mostram porque é uma das bandas mais respeitadas e cultuadas do chamado cenário alternativo americano. E nos dá uma aula de como ser fiel a um princípio, ainda que este possa ferir as opiniões e liberdades de outros. Indispensável para fãs de música pop e curiosos em geral.

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