21.7.04



HOT 20 – Picassos Falsos

Mas será possível que este site chegou ao ponto de fazer um texto sobre uma destas coletâneas caça-níqueis despejadas aos montes pelas gravadoras, no intuito de faturar mais alguns trocados ?

Sim e não.

Que “Top 20” é um destes produtos, ninguém duvida. Como este, vemos diariamente algumas outras centenas (?) de similares nas lojas de discos por todo o país. Mas o que faz esta ser tão especial que merece uma resenha aqui ? A banda.

Para quem não viveu os anos 80 ( tenho a impressão de já ter dito isto aqui. Estou me tornando repetitivo ou a música pop é que está sendo cada vez mais recorrente ? ), a banda Picassos Falsos foi uma das muitas surgidas no boom do Brock e que, como tantas outras, foi errôneamente jogada em um bôlo de que não fazia parte. Na ânsia por faturar, as gravadoras embalavam produtos como bem queriam, ao seu bel prazer, sem se preocupar com integridades artísticas ou coisas do tipo. E infelizmente o coitado do público consumidor ficava sempre à mercê destes gênios.

Formada por Humberto Effe, Gustavo Corsi, Abílio Azambuja e José Henrique Alves, o Picassos Falsos pode tranquilamente ser considerado o precursor de uma linhagem voltada para a mistura de MPB, samba e rock, que no futuro teria prosseguimento em trabalhos de gente como Los Hermanos, Farofa Carioca e Pedro Luís e a Parede. Genuinamente cariocas, gravaram apenas dois álbuns, ( “Picassos Falsos” e “Supercarioca”, este com Luiz Henrique no baixo ) antes de partirem para o limbo. Retornaram à atividade este ano com um álbum ( “Novo Mundo” ) que será posteriormente comentado aqui.

Enquanto no primeiro álbum, o som do Picassos Falsos ainda ensaiava esta mistura ( o álbum conseguiu uma boa repercussão radiofônica, como hits da estirpe de “Quadrinhos” e “Carne e Osso” ), em “Supercarioca” ela se mostra coesa e inventiva. Apesar de ser acusado de anti-comercial na época, o álbum emplacou faixas como “Bolero” nas rádios rock da época ( que em muito se diferenciavam das nossas atuais “similares” ). O lirismo das letras de Humberto Effe encontrou eco nas melodias construídas pela banda, exaltando tanto influências genuinamente brasileiras, como Noel Rosa, como modernizando-as em direção ao novo rock ( ou até ao velho rock, reciclado ).

Incrivelmente, estes dois verdadeiros clássicos da MP(op)B jamais foram editados em CD. Apenas esta coletânea garantiu o acesso às novas gerações ao trabalho dos Picassos Falsos. Em tempos de revivals dos anos 80, não seria de todo mal se a banda conseguisse um lugar ao sol. Ainda que seja somente para tornar este revival um pouco mais interessante.

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