30.7.04



ANTICS - Interpol

Durante sua passagem recente pelo Brasil, Ian McCulloch, o vocalista o Echo & The Bunnymen, ao ser perguntado sobre a atual onda revisionista dos anos 80 na música, disse que achava interessante, porque as novas gerações precisam aprender um pouco como é que se faz. Ironias à parte, não dá pra tirar a razão do cara num momento em que o mundo pop parece ser invadido por bandas que se espelham em nomes deste passado nem tão longínquo assim para criar algo “de novo”. E não basta se espelhar. Para fazer bem feito, nos dias de hoje, o som deve conter elementos que lembrem – e muito – os artistas do passado. Como se isto não bastasse, os novos artistas devem reverenciar a todo momento seus ídolos e até provocar amizades ( forçadas ? ) entre eles, como uma forma de legitimar o que fazem. Sem citar nomes, por favor.

Uma das bandas que trilham este caminho revisionista é o Interpol. Nascida e criada em New York ( onde mais ? ), faz parte dessa chamada onda de renascimento do rock, surgida após o sucesso mundial dos Strokes. Lançaram um bom disco de estréia ( “Turn On The Bright Lights” ) em 2002 e agora lançam seu sucessor, “Antics” ( se é que ele vai ter este título definitivo, já que por enquanto circula apenas pela internet ). Mais do que depressa, foram comparados com Joy Division e similares. Não era para menos. O timbre de voz de Daniel Kessler lembra bastante o de Ian Curtis, mas perde de longe em intensidade e emoção.

Se “Turn On The Bright Lights” mostrava uma banda concisa, certa do que estava a produzir, “Antics” é uma decepção neste sentido. Como 99,9% das bandas que se lançam no mercado e sucumbem logo após o segundo disco por não conseguirem se renovar, o Interpol parece estar numa encruzilhada. Ao mesmo tempo em que seu som ainda é “bem feitinho” ( e isto não é um elogio, diga-se de passagem ), o caminho da inovação que parecia correto no primeiro álbum, aqui se mostra sem fôlego. As ( até então ) 10 faixas do álbum não apenas repetem a fórmula anterior, como não empolgam em nenhum momento.

Mas seria leviano encerrar esta resenha dizendo máximas como “a banda desaprendeu”. Na verdade, eles nunca aprenderam nada além do que fazem neste álbum. As referências aos nomes da década de 80 são muito maiores que eles e não deixam que o som se liberte destes karmas. Uma pena, pois prometiam muito. Vão acabar tendo o mesmo fim dos Strokes, do Hives e de tantos nomes que surgem e caem no ostracismo depois de um tempo.

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