16.6.04
C L Á S S I C O S
MESSAGE IN A BOX – The Police
Para quem não sabe, este que vos escreve tem 32 anos e viveu sua adolescência nos anos 80, a “’decada perdida” para muitos. Hoje percebo que a moda, os costumes e hábitos de quem viveu grande parte da vida naqueles anos nem tão loucos assim, eram realmente de gosto muito duvidoso. Eu mesmo já usei calça da Ocean Pacific verde-limão, camiseta da Pier alaranjada e tênis Redley preto. Se você não entendeu nada, não se preocupe, é melhor ficar com seus conceitos atuais de moda.
Grande parte das pessoas que hoje olham para trás e revisitam a década de 80 concluem, não sei porquê, que a produção musical ali nascida e criada padece de qualidade. Como tudo no mundo da música é discutível, sou um dos que não concordam com esta afirmação. Pode-se até dizer que as décadas de 70 e 60 produziram um número maior de artistas e trabalhos revolucionários, mas os anos 80 tiveram o seu valor no mundo musical. Bandas como U2, The Cure, Smiths e Echo & The Bunnymen atingiram níveis de popularidade e qualidade poucas vezes vistas na histórias da música ( apesar de algumas delas terem sido criadas no final da década de 70, mas não importa ). Uma destas bandas foi o The Police.
Criado em 1978 por Sting, Andy Summers e Stewart Copeland, o The Police atingiu seu auge em 1983 com o lançamento de seu último álbum de inéditas, “Synchronicity”, e a turnê promocional deste, que percorreu o mundo. O segredo do som da banda não era guardado a sete chaves : formação básica de instrumentos ( baixo, guitarra e bateria ), um pé no reggae, outro no rock e mais alguns no ska, dancehall e coisas do tipo. Somado a isto tudo, o virtuosismo de Andy Summers, a impressionante técnica de Stewart Copeland ( um dos maiores bateristas de todos os tempos. Ponto final. ) e o carisma de Sting, que muito antes de virar amigo do Raoni e enveredar por outros ritmos em sua carreira solo, curtia um rock and roll e tinha uma voz aguda incomparável.
O The Police lançou cinco discos “em vida” : “Outlandos D’Amour”, “Zenyatta Mondatta”, “Regatta de Blanc”, “Ghost In The Machine” e “Synchronicity”, além de um sem número de coletâneas e discos ao vivo póstumos. Esta caixa não só contêm tudo que eles gravaram, como ainda traz algumas faixas ao vivo. Dos acordes punk do primeiro single ( “Fall Out” ) à versão 2 de um de seus sucessos ( “Don’t Stand So Close To Me” ), a carreira do Police pode ser definida como de poucos baixos e muitos altos.
No primeiro álbum, “Outlandos D’Amour” a mistura sonora da banda estava apenas tomando forma, mas a grande capacidade deles de compor e executar canções pop já era evidente. “Roxanne”, “So Lonely” e “Can’t Stand Losing You” não me deixam mentir. São três pérolas irretocáveis, que seguem direitinho a fórmula : refrão assobiável, melodia grudenta e letra fácil de ser decorada. No ano seguinte, a banda lança “Regatta de Blanc”, para muitos seu melhor trabalho e a síntese de seu som. Dele, os destaques vão para “Walking On The Moon”, “Message In a Bottle” e “The Bed’s Too Big Without You”.
Na sequência viria “Zenyatta Mondatta”, uma continuação inferior de “Regatta” e “Outlandos”, mas com um hit que segurou a peteca, “De Do Do Do De Da Da Da”. Em 1981, o sombrio álbum “Ghost In The Machine” marcou uma espécie de transição no som da banda. Se por um lado, a alegria quase infantil dos dois primeiros álbuns não estava mais presente, a maturidade introduziu novos elementos nas composições e nas performances do trio, como em “Spirits In The Material World”, “Driven To Tears” e aquela que muitos consideram a melhor música da banda, “Every Little Thing She Does Is Magic”.
Finalmente, em 1983, “Synchronicity” ganharia as ruas e alçaria o Police a um degrau mais alto no panteão pop graças a uma mega-hit ( “Every Breath You Take”, acompanhado por um dos melhores video-clips da história, dirigido por Godley & Creme ) e um sem número de belas melodias e letras inspiradas na teoria da Sincronicidade, de Carl Jung. Logo após a turnê deste álbum, a banda se dissolveria para se reunir novamente em 1986 e gravarem “Don’t Stand So Close To Me 86”. A faixa fez parte de uma coletânea lançada no mesmo ano e foi a última vez que o Police se encontrou num estúdio. Alguns anos mais tarde, eles ainda fariam uma turnê ao lado do U2 e de outros artistas em prol da Anistia Internacional, mas àquela altura do campeonato a carreira solo de Sting falava mais alto.
“Message In a Bottle” é a oportunidade perfeita para as novas gerações tomarem contato com o trabalho do Police e acabarem com os preconceitos que existem, do tipo “ah, esta é a banda daquele chato do Sting”, ou “a banda de um hit só ( Every Breath You Take )”. Quem viveu a década de 80 e seus sons, sabe a importância que o Police teve e sua influência nas gerações que viriam na sequência. Só para citar uma delas, aqui mesmo no Brasil, basta dizer que os dois primeiros e também clássicos discos dos Paralamas do Sucesso não existiriam se não fosse a influência confessa de Sting, Andy Summers e Stewart Copeland. E isso não é pouca coisa.
MESSAGE IN A BOX – The Police
Para quem não sabe, este que vos escreve tem 32 anos e viveu sua adolescência nos anos 80, a “’decada perdida” para muitos. Hoje percebo que a moda, os costumes e hábitos de quem viveu grande parte da vida naqueles anos nem tão loucos assim, eram realmente de gosto muito duvidoso. Eu mesmo já usei calça da Ocean Pacific verde-limão, camiseta da Pier alaranjada e tênis Redley preto. Se você não entendeu nada, não se preocupe, é melhor ficar com seus conceitos atuais de moda.
Grande parte das pessoas que hoje olham para trás e revisitam a década de 80 concluem, não sei porquê, que a produção musical ali nascida e criada padece de qualidade. Como tudo no mundo da música é discutível, sou um dos que não concordam com esta afirmação. Pode-se até dizer que as décadas de 70 e 60 produziram um número maior de artistas e trabalhos revolucionários, mas os anos 80 tiveram o seu valor no mundo musical. Bandas como U2, The Cure, Smiths e Echo & The Bunnymen atingiram níveis de popularidade e qualidade poucas vezes vistas na histórias da música ( apesar de algumas delas terem sido criadas no final da década de 70, mas não importa ). Uma destas bandas foi o The Police.
Criado em 1978 por Sting, Andy Summers e Stewart Copeland, o The Police atingiu seu auge em 1983 com o lançamento de seu último álbum de inéditas, “Synchronicity”, e a turnê promocional deste, que percorreu o mundo. O segredo do som da banda não era guardado a sete chaves : formação básica de instrumentos ( baixo, guitarra e bateria ), um pé no reggae, outro no rock e mais alguns no ska, dancehall e coisas do tipo. Somado a isto tudo, o virtuosismo de Andy Summers, a impressionante técnica de Stewart Copeland ( um dos maiores bateristas de todos os tempos. Ponto final. ) e o carisma de Sting, que muito antes de virar amigo do Raoni e enveredar por outros ritmos em sua carreira solo, curtia um rock and roll e tinha uma voz aguda incomparável.
O The Police lançou cinco discos “em vida” : “Outlandos D’Amour”, “Zenyatta Mondatta”, “Regatta de Blanc”, “Ghost In The Machine” e “Synchronicity”, além de um sem número de coletâneas e discos ao vivo póstumos. Esta caixa não só contêm tudo que eles gravaram, como ainda traz algumas faixas ao vivo. Dos acordes punk do primeiro single ( “Fall Out” ) à versão 2 de um de seus sucessos ( “Don’t Stand So Close To Me” ), a carreira do Police pode ser definida como de poucos baixos e muitos altos.
No primeiro álbum, “Outlandos D’Amour” a mistura sonora da banda estava apenas tomando forma, mas a grande capacidade deles de compor e executar canções pop já era evidente. “Roxanne”, “So Lonely” e “Can’t Stand Losing You” não me deixam mentir. São três pérolas irretocáveis, que seguem direitinho a fórmula : refrão assobiável, melodia grudenta e letra fácil de ser decorada. No ano seguinte, a banda lança “Regatta de Blanc”, para muitos seu melhor trabalho e a síntese de seu som. Dele, os destaques vão para “Walking On The Moon”, “Message In a Bottle” e “The Bed’s Too Big Without You”.
Na sequência viria “Zenyatta Mondatta”, uma continuação inferior de “Regatta” e “Outlandos”, mas com um hit que segurou a peteca, “De Do Do Do De Da Da Da”. Em 1981, o sombrio álbum “Ghost In The Machine” marcou uma espécie de transição no som da banda. Se por um lado, a alegria quase infantil dos dois primeiros álbuns não estava mais presente, a maturidade introduziu novos elementos nas composições e nas performances do trio, como em “Spirits In The Material World”, “Driven To Tears” e aquela que muitos consideram a melhor música da banda, “Every Little Thing She Does Is Magic”.
Finalmente, em 1983, “Synchronicity” ganharia as ruas e alçaria o Police a um degrau mais alto no panteão pop graças a uma mega-hit ( “Every Breath You Take”, acompanhado por um dos melhores video-clips da história, dirigido por Godley & Creme ) e um sem número de belas melodias e letras inspiradas na teoria da Sincronicidade, de Carl Jung. Logo após a turnê deste álbum, a banda se dissolveria para se reunir novamente em 1986 e gravarem “Don’t Stand So Close To Me 86”. A faixa fez parte de uma coletânea lançada no mesmo ano e foi a última vez que o Police se encontrou num estúdio. Alguns anos mais tarde, eles ainda fariam uma turnê ao lado do U2 e de outros artistas em prol da Anistia Internacional, mas àquela altura do campeonato a carreira solo de Sting falava mais alto.
“Message In a Bottle” é a oportunidade perfeita para as novas gerações tomarem contato com o trabalho do Police e acabarem com os preconceitos que existem, do tipo “ah, esta é a banda daquele chato do Sting”, ou “a banda de um hit só ( Every Breath You Take )”. Quem viveu a década de 80 e seus sons, sabe a importância que o Police teve e sua influência nas gerações que viriam na sequência. Só para citar uma delas, aqui mesmo no Brasil, basta dizer que os dois primeiros e também clássicos discos dos Paralamas do Sucesso não existiriam se não fosse a influência confessa de Sting, Andy Summers e Stewart Copeland. E isso não é pouca coisa.