20.5.04


YOU ARE THE QUARRY - Morrissey

Para muitos, ele é o maior inglês vivo. Para outros, é aquele cara que ficava na frente de uma banda chamada The Smiths, com flores nos bolsos bradando hinos da depressão e desilusão. Para outros tantos, ele é apenas Steven Patrick Morrissey, um dos caras mais legais do mundo e que - não importa o tempo que fiquemos sem notícias dele – sempre será respeitado e idolatrado. Para uma outra grande parcela do público, ele é o eterno ex-vocalista dos Smiths. Que bom.

Um dos compositores mais prolíficos da história da música pop ironicamente ficou 7 anos sem gravar um disco de inéditas. Os motivos para isto são muitos : falta de uma gravadora, período de reclusão, dedicação full time a outros projetos. Ou então, nada disso. Seja lá o que for, jamais poderemos dizer que Morrissey ficou tanto tempo sem dar as caras por falta do que dizer.

“You Are The Quarry” já está sendo apontado como o segundo melhor disco de sua carreira solo, depois de sua espetacular estréia como “Viva Hate”. Àquela época, ele havia acabado de desfazer sua banda de origem e uma das maiores bandas de todos os tempos, os Smiths. E não deve ter sido fácil. Se num primeiro momento os fãs e admiradores acharam que isso fosse o fim, Morrissey soube construir uma carreira solo tão bem sucedida quanto no período em que dividia os louros com Johnny Marr, Mike Joyce e Andy Rourke.

Mas quais seriam os motivos de tanta idolatria e reverência a este cidadão de Manchester e do mundo ? Pra começar, que outro cara iniciaria um álbum com a frase “América sua cabeça é grande demais / Porque América seu umbigo é grande demais” criticando o país que o acolheu há muitos e muitos anos, para logo na segunda faixa ( “Irish Blood English Heart” ) demonstrar todo seu amor por sua terra natal ? E que outro cara ainda enfiaria na sequência uma faixa em que diz que foi desprezado por Jesus, mas o perdoou ?

Morrissey ainda passeia pelo amor de várias formas, como em “Come Back to Camden” ( prima-irmã de “Late Night Maudlin Street” ) e “Let Me Kiss You” e trabalha com imagens de seu cotidiano ou quem sabe oriundas de alguma de suas grandes influências, como “All The Lazy Dykes” e “First of The Gang To Die”. Tudo isto ambientado por uma parte musical que reconstrói alguns dos melhores momentos do brit pop ( gênero que ele ajudou a criar, ao lado de Johnny Marr ) e mistura com quartetos de cordas, sons indefinidos e efeitos que dão o tom exato das canções. Morrissey sabe como poucos o que é necessário para uma canção pop atingir a perfeição.

Se é o melhor trabalho do bardo ( sim, bardo. Por que não ? ) depois de “Viva Hate”, não sei. Ainda tenho uma predileção toda especial por “Your Arsenal”. Mas com certeza é um álbum que cresce a cada audição e pode ocupar este posto em breve.

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