20.4.04


A FOREIGN SOUND - Caetano Veloso

A partir do momento em que uma figura de ilibada reputação ( para quase todos ) como Caetano Veloso resolve enveredar por outras praias e gravar um disco de covers oriundas dos mais diferentes compsitores, dá o direito a pessoas dos mais diferentes ramos do jornalismo cultural ou não de criticarem sua obra. Não quero analisar os motivos que o levaram a fazer este álbum. Vou me ater apenas ao disco. E sabem o que mais ? Eu até que gostei.

É óbvio que um trabalho como este não poderia resultar em outra coisa senão irregular. Caetano se dá muito bem em algumas regravações, mas nos momentos em que ele se arrisca mais, como a tão falada pelo mundo indie, "Come as You Are", de Kurt Cobain, ele se dá mal. Oportunista ou não, o fato é que os fãs de Kurt ou simplesmente os que conhecem a gravação original se envergonharam ao ouvir esta versão. Uma outra que chama a atenção é "Nothing But Flowers" de seu brother David Byrne, gravada por sua ex-banda, o Talking Heads. Se a versão original trazia um clima bastante alegre, Caetano conseguiu torná-la sombria, indo no caminho contrário ao de sua letra, que fala de forma otimmista de um mundo onde a tecnologia deu lugar à natureza. Além destas duas, It's Alright Ma ( I'm Only Bleeding )" de Bob Dylan soa estranha aos ouvidos, mas não compromete.

Em compensação, quando Caetano se envereda por alguns clássicos do cancioneiro em lingua inglesa, como "Manhattan", "Summertime", "Smoke Gets In Your Eyes", "Love Me Tender" e "The Man I Love", ele se dá bem exatamente porque é um grande intérprete, que consegue como poucos imprimir uma personalidade às canções, sem simplesmente relatá-las para o ouvinte. No final das contas, "A Foreign Sound" é um álbum que vale a pena conhecer, ainda que os fãs de Nirvana, Talking Heads e Bob Dylan estejam dispostos a apedrejá-lo.

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